Sim... Toda a gente chora por ela, mas todos acabam por chuchar no dedo, mais cedo ou mais tarde... Aqui relata-se e denuncia-se. Veneno e má-língua são obrigatórios à entrada, e dispensa-se o uso de sapatos. Calce as chinelas, está em casa...

domingo, fevereiro 27, 2005

A União pseudo-americana



Após uma salutar e frutífera conversa política e sociológica com o coordenador da maior empresa de recursos humanos das ilhas britânicas muito foi aclarado, e o resultado é expressado nas linhas seguintes.

A primeira ideia advém do conceito da União Europeia onde poucos dos habitantes dos países membros se apercebem dos verdadeiros porquês. Sendo britânico este amigo meu por vezes questiona como tantos outros o porquê do seu país contribuir tanto dinheiro para a União Europeia e tão poucos empreendimentos serem financiados pela mesma, ao contrário por exemplo da Irlanda que recentemente viu 11 projectos de Campos de golfe (?) serem financiados quase na totalidade pela U. Europeia. Penso ser óbvio que nesta cópia do modelo americano (até já começamos a apelidar os países-membros de “estados-membros”) os países pequenos usam os fundos para nivelar a sua economia num esforço conjunto em que os países que mais contribuem são forçosamente os que têm maior poder nas decisões da U. Europeia.
Outro assunto que vem à discussão foi o facto de a própria economia do Reino Unido estar-se a converter numa economia de serviços, muito porque a indústria alimentar está em forte queda pelo contraponto desleal dos países asiáticos. Digo isto pois uma das grandes críticas à economia portuguesa é a quase exclusividade da orientação nos Serviços. Até a própria França (a quem os britânicos veiculam uma enorme abjecção e ódio seculares) atinge agora níveis recordes de desemprego. O problema é que muitos olham para si próprios à procura das causas quando o verdadeiro problema é a avassaladora invasão asiática nos vários sectores do mercado de bens e produtos. Só para dar um exemplo uma unidade fabril chinesa é capaz de produzir diariamente o mesmo nº de metros quadrados de azulejos que o mercado nacional produz em duas semanas.
Outra questão é a displicência com que a U. Europeia encara as disparidades de politicas de imigração dos vários países-membros, o que leva a que países originalmente isolados e barrados por rivalidades fronteiriças adoptem medidas directamente afrontadoras relativamente ao acordo do espaço Schengen. Isto leva à hostilização dos habitantes dos mesmos perante o que eles julgam-se no direito de considerar “invasores”.
A situação que mais me surpreendeu foi a interjeição com que ele contrapôs a informação que eu lhe forneci acerca do facto de ter ganho a Esquerda nas passadas eleições lusas, a qual foi: “Os governos de Esquerda não funcionam!”. Isto diz muito acerca do panorama que muitos portugueses se esqueceram de ter em conta ao votar no mesmo partido que decidiu voluntariamente demitir-se do Governo sabendo-se depois que tinham deixado Portugal no redline do défice permitido pela União Europeia aos países-membros.

Outros temas abordarei noutro update mas por agora gostaria de deixar o meu agradecimento aos vários e-mail e pontos de vista que recebi, aos quais dei a minha atenção máxima (razão pela qual não houve updates). Continua assim a busca de membros da edição do “Chupeta Democrática” (a escolha não distingue opiniões nem crenças) e conto até ao final da semana seguinte ter a “equipa” definitivamente formada. O e-mail é EgyptOverseer@aol.com

Bem hajam vossos olhos.